quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Capítulo 24: A Penitência, Parte I

Data do Jogo: 12/01/2011

Depois que Millo efetuou o ritual, acabei perdendo a consciência. Tudo que sei, é que provávelmente pouco tempo depois fui acordado por Lauzen, enquanto Tillian me dava boas vindas por entrar no mundo dos mortos.

Tudo que vi naquele lugar, foi uma pequena plataforma de rocha (onde estavamos), que beirava um imenso abismo, e de costas para nós, um portão gigantesco com um crânio prateado no meio. Tillian e Lauzen não paravam de questionar o fato de eu ter chego ao mundo dos mortos, uma vez que Urlag e Tenner não pretendiam morrer para nos dar passagem, além de onde estavam Millo e Ragnar.

Contei a eles de todo o ocorrido. Como Urlag tinha morrido nas mãos de Hakin, impossibilitando sua vinda, como Ragnar havia matado o assassino, como eu havia matado Tenner, e para a surpresa, como Hakin era também o sorvedor de Millo. Antes mesmo de completar essa parte, Millo surgiu em meio a uma grande ventania, desacordado. Conforme nos aproximamos para desperta-lo, Millo acordou meio que agitado. Mesmo sem explicar porque, estava assim, ele logo se levantou.

Millo e Tillian começaram a tentar abrir a fechadura do grande portão, enquanto eu ficava observando o abismo em nosso entorno. A plataforma onde estavamos, era suspensa em um monte de corpos empilhados que se moviam como que sofrendo. Ficamos alguns minutos ali, imaginando como sairíamos e seguiriamos para o tal castelo que ficava no fim da estrada atrás do portão. Após alguns momentos, visualizamos ao longe uma espécie de jangada.que vinha em nossa direção. Parecia estar flutuando no ar, e dentro dele havia duas pessoas.

Lauzen verificou se havia uma aura maldosa na embarcação, mas o que descobriu foi que muito pelo contrário, havia uma aura de grande bondade ali. Conforme o navio chegou, as pessoas se revelaram. Uma era um halfling, que chamamos de "monge". E a outra era Bors, translúcido, mas era ele.

O Monge logo disse, que o portão não se abriria, pois isso nunca havia acontecido antes. Mas ficava feliz em saber que a profecia da vinda de pessoas vivas ao mundo dos mortos havia ocorrido. Ele disse que nos guiaria até o castelo, mas por 1 dos 3 caminhos existentes por onde deveriamos ir. Porém, ele avisou que o caminho para onde nos levava, era um caminho para vivos, e isso poderia apresentar grande risco para Bors, já que ele estava morto. Mesmo assim, a decisão prevaleceu e resolvemos seguir pelo caminho destinado a nós, o Caminho do Penitente.

Logo em seguida, o monge subiu na jangada, e falou com o ser que eu não havia notado antes. Um homem vestindo um grande manto negro, que quando ergueu o rosto, notamos que a parte de baixo do rosto dele era apenas de ossos, um esqueleto, O Barqueiro. Todos nós subimos no barco e logo fomos sendo guiados. A sensação era de estarmos em um rio, mas estavamos flutuando praticamente no nada. Naquele local, não sentiamos fome, sono ou cansaço. Eramos seres Extra-planares no mundo dos mortos, obviamente.

Demoramos um tempo até chegar ao local onde deveriamos ter ido, um caminho trilhado a beira do abismo também, da mesma maneira que o do local onde haviamos chego ao mundo dos mortos. Lá, não havia portão entretanto, havia uma trilha reta, por onde seguimos. Não demorou muito para chegarmos até um local onde havia 3 seres. Um Lobo, Uma Hiena e um Chacal.

O monge informava, que os 3 eram cães de Prometheus. Representavam os 3 principais pecados, e eram os juízes do mesmo. Eles determinavam quem era digno de seguir pelo caminho do penitente. O Orgulho, O Egoísmo e A Violência respectivamente. Armas não os afetavam, e sempre que alguem se aproximava eles que farejavam os pecados da pessoa.

Já que não havia o que se fazer, fui indo na frente na direção dos cães. O lobo ergueu o focinho farejando o ar, e logo começou a latir. Afastei os braços e começei a andar um pouco mais devagar, mas acho que de nada adiantou aquilo. O lobo correu em minha direção e saltou, me derrubando no chão e mordendo diretamente meu pescoço. A dor foi gigantesca, porém, o que mais afetava eram as visões que passei a ter naquele momento. Não sei dizer se foi ilusão, ou se foi uma versão do futuro. O que vi, foi minha luta por levantar Cormyr, falhando. Anos desperdiçados em uma tentativa inútil e vazia apenas para tentar levantar aquilo que havia caído.

Assim que o lobo soltou, eu consegui novamente observa-lo preparando-se para um ataque. Ele me observava como se esperasse para atacar novamente. Estava sem fôlego, sangrando, sem forças...me questionei o porque daquilo tudo...e logo em seguida, ele atacou novamente, desta vez mordendo e puxando um pedaço de carne um pouco abaixo do pescoço. As visões logo voltaram. A queda do Reino para Kroza, o sentimento de sofrimento das pessoas que viam seus semelhantes assassinados conforme as tropas avançavam, a morte do rei e da Rainha....e logo em seguida a visão da Morte da Princesa. Pouco depois, o lobo saltou de meu corpo...não consegui ver porque, mas apenas assistia o grupo gritando para mim, mas nada pude ouvir. Sabia que estava perto de morrer,e aos poucos soube o que era o significado daquilo tudo.

"Você carrega um Peso grande demais, que nem mesmo te pertence. Esse peso impede que você mostre seu verdadeiro potencial, te deixa pesado, mesmo sem sua armadura."

Faustin tinha razão. O peso de estar correndo com o objetivo de levantar Cormyr, e ignorar o resto do mundo, me fazia de fato egoísta. Quando o lobo voltou, eu disse me arrepender disso, que de fato lutar para levantar Cormyr apenas, ignorando o resto do mundo era errado...talvez essa declaração tenha sido o que fez as feridas começarem a fechar novamente...mas para o Lobo ainda faltava algo. Parecia com que ele quisesse que eu também me arrependesse de ter dedicado minha vida inteira a Princesa. Mas ali, não era apenas se arrepender e seguir. Era algo como se arrepender e abandonar aquilo de coração, senão, seriamos devorados pelos Cães e jamais terminariamos nossa missão.

Mas eu disse que não me arrependia de viver com Mia e por ela....e o Lobo me atacou novamente, desta vez praticamente devorando meu braço. A visão que tive, foi do início de nossa jornada. A Frustração e visão de meus amigos enquanto eles lutavam e eu ficava para trás somente para defender a princesa. Vi quando discuti com Boro, para ir sozinho para Kroza e fui preso e torturado por isso, e toda a frustração deles. Dai vi, o que o Lobo queria que eu fizesse, meu arrependimento, e o que deveria mudar, não era o sentimento por ela. Mas sim a importância em demasia que era dada, a ponto de abandonar o meu time, meus amigos a morte por ela. E disso, me arrependi, e o lobo me liberou.

Me levantei e fui em direção ao grupo, Millo estava intacto e Lauzen segurava um livro. Dizia ele, que aquele era o Livro que haviamos procurado. Aquele onde a história é escrita e ocorre, e que a muito estava com ele, mas ele se arrependia de não ter dividido isso com o grupo. Aquele era seu Egoísmo.

Millo por sua vez, não havia sido atacado por nenhum dos cães, o que fez com que todos se surpreendessem. Bors surgiu pouco depois e Tillian veio por último. Nesta espera, minhas feridas logo se fecharam, e meu braço se regenerou...as coisas de fato eram diferentes no mundo dos mortos.

Logo após isso, o Monge veio a nós, também não sendo atacado. Ele disse que todos estavamos no caminho certo....mas o não ataque contra Millo, dava a ele a chance para ir pelo Caminho do Abençoado, o segundo dos 2 caminhos...e o mais curto, sem penitencias. Todos do grupo concordaram, que seria o melhor para Millo. E assim, o monge o levou até o caminho, e nós fomos seguindo.

Alguns momentos se passaram no meio daquela caminho, até adentrarmos em uma densa névoa. Em algums momentos, nos deparamos com a entrada do castelo. Confeso, que antes de entrar na névoa, ele estava a uma distância gigantesca. Simplesmente surgir assim, na frente do castelo de portas abertas foi extremamente estranho....mas mesmo assim adentramos no local. Seguimos por um longo corredor bem mal iluminado. A única iluminação que tinhamos era a luz vinda de uma sala aberta ao fundo do corredor. Nas paredes, haviam vários quadros de um homem, com cães em sua maioria. Lobos, Cachorros, Hienas e chacais...o rosto era familiar, mas não dava para se pensar em quem era. Mais a frente, surgia um quadro diferente de todos os outros. O mesmo homem, agora segurando a mão de uma pequena garotinha Loira, e de cabelos encaracolados. Também...extremamente familiar.

Quando entramos na sala, havia um verdadeiro trono, com o Homem dos quadros, Prometheus, sentado nele. A sua frente, uma mesa com 3 objetos cobertos em redomas de vidro. Uma Pedra, A pele de um animal, e uma rosa. Os 3 objetos entregues a Prometheus conforme a mitologia sobre a criação do mundo...

Prometheus logo começou a se pronunciar. Dizia ele que dava a vida a todos, alimento, familia, e tudo que todos precisavam. E mesmo assim, nós, invadiamos seus domínios, aceitavamos um presente de Orcus, e vinham agora desafia-lo e tentar destruí-lo. E porque?

Lauzen tomou a dianteira, e começou a falar com Prometheus. Dizia que haviamos vindo, não para destruí-lo, mas para impedir que o mesmo enfrentasse os deuses, e prejudicasse a todos. O Deus da Morte, por sua vez questionou se alguma vez, uma luta dos deuses destruíu o plano material? E se, algum de nós se incomodava com a briga dele com Solaris, uma vez que era este seu único alvo.

A conversa se estendeu por alguns momentos, mas Prometheus sempre usava argumentos que eram válidos, e começaram a fazer Lauzen duvidar do fato de termos ido para lá. Com que finalidade afinal? O plano Material estava salvo, a guerra não nos prejudicaria, mas haveria mudanças. Foi quando Prometheus perguntou, se tinhamos idéia do Sacrilégio que haviamos cometido.

Lauzen disse que sabia, e que nós estavamos prontos para pagar por isso. Eu de fato tinha minhas dúvidas da necessidade de ir para o mundo dos mortos, mas ainda mais, tinhamos que tirar o Ser Perfeito de Prometheus. Para mim, aquilo era muito poder utilizado, mesmo para um Deus que queria apenas vingança.

Eis que Prometheus chama sua filha para dar o castigo a todos. De uma porta lateral veio uma garota, com um vestido negro. Cabelos encaracolados, loiros e olhos mais verdes do que da última vez que havia a visto. A Princesa Mia Windsor, a filha do Deus da Morte Prometheus.

Eu chamei por ela, mas ela logo caminhou em direção a Lauzen, passando antes por seu pai, que lhe entregou uma enorme foice. Ao chegar próximo o suficiente, a garota moveu a foice com rapidez, passando a lâmina da foice com rapidez pelo pescoço dele, decapitando-o. Assim que isso ocorreu, uma dor imensa surgiu em meu pescoço, me fazendo ir de joelhos ao chão e cuspir sangue. Tillian correu até o corpo de Lauzen, como se fosse tentar fazer algo, e nesse meio tempo
Mia se virou para Bors, Trespassando o corpo do mesmo com a outra ponta da foice, direto no peito. Novamente, a dor me aflingiu, como se sentisse a dor por eles. logo depois, ela se virou para mim, mas envolvendo a cabeça de Tillian com a foice. Antes mesmo do Ladino reagir, a lamina já havia feito mais uma vítima.

Com um olhar gélido, ela ficou a minha frente, curvando a foice e deixando a ponta da mesma apontada diretamente para meu coração. Ela perguntava se eu tinha mais algo para dizer antes de morrer. Eu simplesmente não podia acreditar...todos mortos, e a algoz disso tudo aquela que jurei proteger, e que era a filha de um Deus...não, nada daquilo podia ser verdade. Apenas mentiras....ilusões...impossibilidade. Naquela hora, saquei a espada, já a irrompendo em chamas, clamando que ela não era a minha Mia.

O golpe foi surpreso, fazendo-a recuar e preparar um novo ataque. Eu rolei para trás, posicionei novamente a espada, desta vez, removendo suas chamas, e assim que ela golpeou eu revidei. A Lamina da foice afundou sobre meu ombro direito, e a espada trespassou o corpo da princesa. Ao erguer novamente o rosto, a dor da arma dela, simplesmente desapareceu. E uma nova visão veio a minha mente....muitos anos antes, no castelo de Cormyr. Ainda era o meio da tarde, e estavamos passando pelo jardim do castelo. Foi quando ela virou-se com os olhos marejados, e me pediu desculpas. Me perguntei o porque, mas ela nada respondeu, apenas me abraçando....e ali estavam aqueles olhos, agora derramando lágrimas como os meus. Ela novamente me pediu desculpas...e eu novamente perguntei o motivo.

Tudo ficou escuro logo em seguida, e quando abri os olhos estava novamente no caminho da névoa. Todos estavam ali vivos, e eu com meu ombro ensanguentado e dolorido, com o corte aberto. Bors se aproximou perguntando se eu havia a atacado, mas naquela hora eu mal dei ouvidos, estava perdido em meus próprios pensamentos.

Guardei a espada na bainha, e voltei a caminhar, sem ouvir nada, nem talvez mesmo sentir. No mundo dos mortos, tudo é uma ilusão...aquilo não pode ser verdade, mas mesmo apenas de viver aquilo já me bastou para sentir uma ferida talvez mais profunda da que qualquer coisa física.

Lutar com Mia, para mim é impossível, e eu sei disso. E mesmo assim, lutei, apenas por acreditar que aquela era uma farsa....Entretanto...ficou a dúvida.

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